A Viagem do Espanto - O Alvorecer da Globalização . The Voyage of Amazement . The Dawn of Globalization

Roteiro da Viagem de Vasco da Gama à Índia (cópia da primeira página, na Casa do Infante, no Porto) Itinerary of Vasco da Gama's Voyage to India (copy of the first page, in Casa do Infante, in Porto)
Roteiro da Viagem de Vasco da Gama à Índia (cópia da primeira página, na Casa do Infante, no Porto) Itinerary of Vasco da Gama's Voyage to India (copy of the first page, in Casa do Infante, in Porto)

1497, 8 de Julho

A Armada de Vasco da Gama parte de Lisboa.

"Em nome de Deus, Amen.

Na era de 1497 mandou el-rei D. Manuel, o primeiro deste nome em Portugal, a descobrir quatro navios, os quais iam em busca de especiaria, dos quais navios ia por capitão-mor Vasco da Gama, e dos outros: dum deles Paulo da Gama, seu irmão, e do outro Nicolau Coelho."

Diário da Viagem de Vasco da Gama.

1497, 27 de Julho a 3 de Agosto

A Armada faz escala na ilha de Santiago.

"E ao outro dia, que era quinta-feira, chegamos à ilha de Santiago, onde pousamos na praia de Santa Maria com muito prazer e folgar, e ali tomamos carnes, e água e lenha, e corregendo as vergas dos navios, porque era necessário. E uma quinta-feira, que era três dias de agosto, partimos em leste".

Diário da Viagem de Vasco da Gama.

1497, 22 de Novembro

A Armada passa o Cabo.

"Uma quinta-feira pela manhã, que era xvi dias de novembro, não sabendo nós quanto eramos do cabo da Boa Esperança, salvo que Pero de Alenquer dizia que ao mais que podíamos ser seriam trinta léguas a ré do cabo, e o porque ele não se afirmava era porque partira um dia pela manhã do cabo, e que de noute passara ali com vento à popa, e isso mesmo à ida foram de largo, e por estes respeitos não eram em conhecimento de onde eramos. Pelo qual fomos em a volta do mar, com sul sueste, e ao sábado à tarde houvemos vista do dito cabo da Boa Esperança, e em este dia mesmo virámos em a volta do mar, e de noute virámos em a volta da terra. E ao domingo pela manhã, que foram dezanove dias do mês de novembro, fomos outra vez com o cabo, e não o pudemos dobrar porque o vento era su-sueste e o dito cabo jaz nordeste sudoeste, e em este dia mesmo virámos em a volta do mar e à noute de segunda-feira viemos em a volta da terra. E à quarta-feira, ao meio-dia, passámos pelo dito cabo ao longo da costa com o vento à popa".

Diário da Viagem de Vasco da Gama.

1498, 23 de Janeiro a 24 de Fevereiro

Escala no Rio dos Bons Sinais (Quelimane)

"E nós estivemos neste rio trinta e dous dias, em os quais tomámos água e limpamos os navios, e corregeram ao Rafael o mastro, e aqui nos adoeceram muitos homens, que lhes inchavam os pés e as mãos e lhes cresciam as gengivas tanto sobre os dentes, que os homens não podiam comer. E aqui pusemos o padrão de São Rafael, e isto porque ele o levava, e ao rio de Bons Sinais"

Diário de Vasco da Gama.

1498, Março

Escala na ilha de Moçambique.

Ao chegarem à ilha de Moçambique "mais nos disseram que o Preste João estava dali perto; e que tinha muitas cidades ao longo do mar, e que os moradores delas eram grandes mercadores e tinham grandes naus. Mas que o Preste João estava muito dentro pelo sertão, e que não podiam lá ir senão em camelos; (…)

E estas cousas e outras muitas nos diziam estes mouros, do que éramos tão ledos que com prazer chorávamos; e rogávamos a Deus que Lhe aprouvesse de nos dar saúde, para que víssemos o que todos desejávamos.

Diário de Vasco da Gama.

1498, 13 a 24 de Abril 13 a 24

A Armada fundeia em Melinde e o sultão disponibiliza um piloto.

"Neste mesmo dia, ao sol-posto, lançamos âncora em direito de um lugar que se chama Melinde (…)

Aqui estivemos avante desta vila nove dias e em estes nove dias sempre se faziam em terra festas e muitas escaramuças a pé, e aqui havia muitos tangeres.

À terça-feira, que foram vinte e quatro do dito mês, nos partimos daqui com o piloto que el-rei nos deu para uma cidade que se chama Calecut, da qual el-rei tinha notícia, e fomos em leste a demandá-la"

Diário de Vasco da Gama.

1498, 20 de Maio

A Armada fundeia nas imediações de Calecute.

"E ao domingo fomos juntos com umas montanhas, as quais estão sobre a cidade de Calecute, e chegamo-nos tanto a elas até que o piloto que levávamos as conheceu e nos disse que aquela era a terra onde nós desejávamos de ir. E em este dia à tarde, fomos pousar abaixo desta cidade de Calecut duas léguas, e isto porque ao piloto pareceu por uma vila que ali estava, a que chamam Capua, que era Calecute, e abaixo desta vila está outra que se chama Pandarane, e pousamos ao longo desta costa, obra de uma légua e meia de terra. E depois que assim estivemos, vieram de terra a nós quatro barcos, os quais vinham por saber que gente eramos, e nos disseram e amostraram Calecute. E ao outro dia, isso mesmo vieram estes barcos aos nossos navios, e o capitão-mor mandou um dos degredados a Calecute; e aqueles com que ele ia levaram-no onde estavam dois mouros de Tunes, que sabiam falar castelhano e genovês. E a primeira salva que lhe deram foi esta, que ao diante se segue:

Ao diabo que te dou; quem te trouxe cá?

E perguntaram-lhe o que vínhamos buscar tão longe.

E ele respondeu: Vimos buscar cristãos e especiaria."

Diário de Vasco da Gama.

1488

Bartolomeu Dias descobre a passagem para o Índico.

"Partidos daqui [Angra das Voltas] na volta do mar, o mesmo tempo os fez correr treze dias com as velas a meio mastro; e como os navios eram pequenos e os mares já mais frios e não tais como os das terras da Guiné, posto que os da costa de Espanha em tempo de tormenta eram mui feios, estes houveram por mortais, mas, cessando o tempo que fazia naquela fúria do mar, vieram demandar a terra pelo rumo de Leste, cuidando que corria ainda a costa Norte-Sul em geral, como até ali a trouxeram. Porém, vendo que por alguns dias cortavam sem dar com ela, carregaram sobre o rumo do Norte, com que vieram a ter a uma angra a que chamaram dos Vaqueiros, por as muitas vacas que viram andar na terra guardadas por seus pastores. (…) Correndo mais avante a costa já por novo rumo, de que os capitães iam muito contentes, chegaram a um ilhéu que está em trinta e três graus e três quartos da parte do Sul, onde puseram o padrão chamado da Cruz, que deu nome ao ilhéu, que está da terra firme pouco mais e meia légua" (…)

[Não tendo descoberto sinais de cidades nem de navegação mercantil, voltaram para trás e] "houveram vista daquele grande e notável cabo, encoberto por tantas centenas de anos, como aquele que, quando se mostrasse, não descobria somente a si, mas a outro novo mundo de terras. Ao qual Bartolomeu Dias e os de sua companhia, por causa dos perigos e tormentas que em o dobrar dele passaram, lhe puseram nome Tormentoso, mas el-rei Dom João, vindo eles ao reino, lho deu outro nome mais ilustre, chamando-lhe cabo da Boa Esperança, pela que ele prometia deste descobrimento da Índia, tão esperada e por tantos anos requerida."

João de Barros, Décadas da Ásia, Década I, livro III, cap. 4.

1494

Conhecendo já o sistema de ventos e correntes do Atlântico Sul, Portugal assina o Tratado de Tordesilhas.

"Pera o qual caso se acabar de concluir, enviou el-rei a Castela Rui de Sousa e seu filho Dom João de Sousa, e Aires de Almada, corregedor da sua corte, e a Estevão Vaz, que depois foi da Casa da Índia por secretário da embaixada. E vistas as razões e justiça de ambos os reis, foi assentado e determinado este descobrimento [as ilhas descobertas por Colón] mas ser próprio de Castela. E por evitar escândalos e debates, que ao diante podiam recrescer, do que cada um descobrisse ou de seus sucessores, demarcaram e partiram todo o Universo em duas partes iguais, per dous meridianos, um opósito ao outro, dentro dos quais ficasse a demarcação de cada um. O primeiro meridiano se lançou vinte e um graus ao Ponente das ilhas de Cabo Verde, em que se embebessem trezentas sessenta e tantas léguas, para Oeste; e deste meridiano até ao outro, a ele opósito, para a parte do Ponente, ao respeito daqueles que vivemos em Espanha, ficasse a terra, ilhas e mares que se entre ambos tem da coroa de Castela; e a outra parte, que está no Oriente dela, também ao respeito da nossa habitação, em que inclui toda a Índia com o grande número das ilhas orientais, ficasse à coroa de Portugal, com todalas cláusulas e condições que se nos contratos tem"

João de Barros, Décadas da Ásia, Década I, livro III, cap. 11.

1499, 10 de Julho

Nicolau Coelho entra no Tejo com a notícia da descoberta do caminho marítimo para a Índia.

"Chegados com assaz trabalho junto das ilhas de Cabo Verde, com um temporal forte que ali tiveram, Nicolau Coelho se apartou de Vasco da Gama; e cuidando que ele o trazia ante si, veio ter à barra de Lisboa, a dez de julho daquele ano de quatrocentos e noventa e nove, havendo dous anos que per dela, e quando soube que Vasco da Gama não era ainda chegado, quisera fazer a volta ao mar em sua busca; peró sabendo el-rei, que então estava na cidade, da sua chegada, (…) mandou que entrasse pera dentro"

João de Barros, Décadas da Ásia, Década I, livro IV, cap. 4.

1499, Setembro

Vasco da Gama chega a Lisboa.

"Partido Vasco da Gama daquela ilha Terceira, a vinte e nove de Agosto, chegou ao porto de Lisboa e, sem entrar na cidade, deve nas novenas em a casa de Nossa Senhora de Belém, donde ele partiu a este descobrimento. E aqui foi visitado de todolos senhores da corte até ao dia de sua entrada, que se fez com grande solenidade; e por mais se celebra sua vinda, houve touros, canas, momos e outras festas em que el-rei quis mostrar o grande contentamento que tinha de tão ilustre serviço."

João de Barros, Décadas da Ásia, Década I, livro IV, cap. 11.

1500, Dezembro

Portugal estabelece a aliança com o rei de Cochim.

"[Cochim] é cabeça de um reino assim chamado, que está abaixo de Calecute contra o sul, pela mesma costa trinta léguas, e nele, segundo Gaspar da Índia afirmava a Pedrálvares, havia mais pimenta que em Calecute, posto que o rei fosse menos poderoso, e não tão rico como ele. E a causa era por em Cochim naquele tempo haver pouco trato e poucos mouros, que eram os que Pedrálvares mais receava, por danarem todas nossas cousas. (…)

[Sabendo o rei de Cochim do conflito entre os portugueses e Calicut, por esta razão e outras de paixão e diferença que ele e o Samorim havia houve que nenhuma cousa fazia mais a seu propósito que dar carga de especiaria às nossas naus, e estimou em muito irem ter a seu porto. Porque com isto fazia duas cousas: ganhar a nossa amizade, para nos ter contra o Samorim, quando lhe cumprisse, e a segunda que haveria das nossas mãos muitas e boas mercadorias e dinheiro em ouro, que é o nervo que sustém os estados no tempo de sua necessidade".

João de Barros, Décadas da Ásia, Década I, livro V, cap. 8.

1505, Março

D. Manuel I cria o Estado Português da Índia.

"Porque as naus que iam e tornavam logo com carga não podiam juntamente fazer estas duas cousas por o tempo ser mui breve, e sobre isso ficava com a vinda delas a costa do Malabar desamparada, com que os mouros tornavam a ser senhores dela e, favorecidos das armadas do Samorim, fariam dano aos reis de Cochim, Cananor e todolos outros nossos amigos e aliados; para resistir a este tão certo perigo e prover a outras cousas tão importantes que a experiência do negócio tinha mostrado, pera que era necessário fazerem-se fortalezas onde as naus dessem e tomassem carga, ordenou el-rei de mandar naus que fossem pera tornarem coma a carga da especiaria no ano seguinte, e outras velas de menos toneladas, com alguns navios pequenos, pera lá ficarem de armada, e por capitão-mor esta governança a Tristão da Cunha, filho de Nuno da Cunha.

O qual, estando tudo prestes, teve um acidente [a jogar as canas] com que perdeu a vista, de maneira que esteve muito tempo sem a cobrar, e foi no seguinte ano de quinhentos e seis, como veremos.

Ficando a frota por este súbito caso sem capitão, sendo tão acerca da partida, mandou el-rei a chamara Dom Francisco de Almeida, filho do conde de Abrantes, Dom Lopo de Almeida, o qual a este tempo estava em Coimbra com o bispo dela, Dom Jorge seu irmão; e com palavras da confiança que dele tinha, lhe entregou a frota.

(…) a qual embarcação foi a mais solene que até então neste reino se fez, não sendo de pessoa real. Porque assim pela nobreza de Dom Francisco de Almeida e fidalguia que com ele embarcara, como pelo cargo e dignidade de viso-rei (…) que foi o primeiro título desta qualidade que nestes reinos se deu, concorreram assim da parte dele, como dos que o acompanhavam, todalas cousas em acrescentamento e louvor de honra sua naquela partida, que foi a a vinte e cinco de março do ano de quinhentos e cinco."

João de Barros, Décadas da Ásia, Década I, livro VIII, cap. 1.


1497, July 8th

Vasco da Gama's Armada departs from Lisbon.

"In the name of God. Amen!

In the year 1497 King Dom Manuel, the first of that name in Portugal, despatched four vessels to make discoveries and go in search of spices. Vasco da Gama was the captain-major of these vessels; Paulo da Gama, his brother, commanded one of them, and Nicolau Coelho another."

Vasco da Gama's Voyage Diary.

1497, July 27th to August 31st

The Armada makes a stopover on the island of Santiago.

"The day after this, a Thursday [July 27], we arrived at the island of Samtiago [São Thiago], and joyfully anchored in the bay of Santa Maria, where we took on board meat, water and wood, and did the much-needed repairs to our yards.

On Thursday, August 3, we left in an easterly direction."

Vasco da Gama's Voyage Diary.

1497, November 22nd

The Armada passes the Cape.

"At daybreak of Thursday the 16th of November, having careened our ships and taken in wood, we set sail. At that time we did not know how far we might be abaft the Cape 9of Good Hope. Pero d'Alenquer thought the distance about thirty leagues, but he was not certain, for on his return voyage [when with B. Dias] he had left the Cape in the morning and had gone past this bay with the wind astern, whilst on the outward voyage he had kept at sea, and was therefore unable to identify the locality where we now were. We therefore stood out towards the S.S.W. and late on Saturday [November 18] we beheld the Cape. On that same day we again stood out to sea, returning to the land in the course of the night. On Sunday morning, November 19, we once more made for the Cape, but were again unable to round it, for the wind blew from the S.S.W., whilst the Cape juts out towards the S.W. We then again stood out to sea, returning to the land on Monday night. At last, on Wednesday [November 22], at noon, having the wind astern, we succeeded in doubling the Cape, and then ran along the coast."

Vasco da Gama's Voyage Diary.


1498, January 23rd to February 24th

Stopover on the Bons Sinais River (Quelimane).

"As to ourselves, we spent thirty-two days in the river taking in water, careening the ships, and repairing the mast of the Raphael. Many of our men fell ill here, their feet 21and hands swelling, and their gums growing over their teeth, so that they could not eat.

We erected here a pillar which we called the pillar of St. Raphael, because it had been brought in the ship bearing that name. The river we called Rio dos Bons Signaes (River of good signs or tokens)."

Diary of Vasco da Gama.

1498, March

Stopover on the island of Mozambique.

"We were told, morever, that Prester John resided not far from this place; that he held many cities along the coast, and that the inhabitants of those cities were great merchants and owned big ships. The residence of Prester John was said to be far in the interior, and could be reached only on the back of camels; (…) This information, and many other things which we heard, rendered us so happy that we cried with joy, and prayed God to grant us health, so that we might behold what we so much desired."

Diary of Vasco da Gama.

1498, April 13th to 24th

The Armada anchors in Malindi, and the sultan provides a pilot.

"That same day [April 14] at sunset, we cast anchor off a place called Milinde (Malindi), which is thirty leagues from Mombaça.

We remained in front of this town during nine days, and all this time we had fêtes, sham-fights, and musical performances ("fanfares").

We left Malindi on Tuesday, the 24th of the month [of April] for a city called Qualecut [Calecut], with the pilot whom the king had given us."

Diary of Vasco da Gama.

1498, May 20th

The Armada anchors near Calicut.

"On Sunday [May 20] we found ourselves close to some mountains, and when we were near enough for the pilot to recognise them he told us that they were above Calecut, and that this was the country we desired to go to.

That night [May 20] we anchored two leagues from the city of Calicut, and we did so because our pilot mistook Capua, a town at that place, for Calecut. Still further there is another town called Pandarani. We anchored about a league and a half from the shore. After we were at anchor, four boats (almadias) approached us from the land, who asked of what nation we were. We told them, and they then pointed out Calecut to us.

On the following day [May 21] these same boats came again alongside, when the captain-major sent one of the convicts to Calecut, and those with whom he went took him to two Moors from Tunis, who could speak Castilian and Genoese. The first greeting that he received was in these words:

"May the Devil take thee! What brought you hither?"

They asked what he sought so far away from home, and he told them that we came in search of Christians and of spices."

Diary of Vasco da Gama.

1488

Bartolomeu Dias discovers the passage to the Indian Ocean.

"Departed from here [Angra das Voltas] on their return from sea, the same weather made them run thirteen days with sails at half-mast; and as the ships were small and the seas already colder and not such as those of the lands of Guinea, since those of the coast of Spain in stormy weather were very harsh these were considered mortals, but, ceasing the weather that was in that fury of the sea, they came to demand the land in an easterly direction, assuming that the coast in geenral still ran from north to south as they had brought it there. However, seeing that for a few days they cut without finding her, they carried on towards the North, with which they came to a creek which they called dos Vaqueiros, because of the many cows they saw walking on the land guarded by their shepherds. (...) Ru z nning further along the coast, now taking a new course, which the captains were very happy with, they reached an islet that is at thirty-three degrees and three-quarters of the south, where they placed the pattern called the Cross, which gave name to the islander, who is a little more than half a league from the mainland" (...)

[Having discovered no signs of towns or merchant shipping, they turned back and] "came in sight of that great and remarkable cape, hidden for so many hundreds of years, as the one which, when it showed itself, discovered not only itself, but another new world of lands. To which Bartolomeu Dias and those of his company, because of the dangers and storms that they passed in his bending, named him Tormentoso, but the king Dom João, when they came to the kingdom, gave him another more illustrious name, calling him Cape of Good Hope, for what he promised of this discovery of India, so long awaited and for so many years requested."

João de Barros, Decades of Asia, Decade I, book III, chap. 4.

1494

Knowing the system of winds and currents in the South Atlantic, Portugal signed the Treaty of Tordesillas.

"Therefore, in order to accomplish a solution, the King sent Rui de Sousa and his son Dom João de Sousa to Castile, and Aires de Almada, magistrate of his court, and Estevão Vaz, who later became part of the Casa da Índia for embassy secretary. And having seen the reasons and justice of both kings, it was established and determined that this discovery [the islands discovered by Colón] was proper to Castile. And to avoid scandals and debates, which in the future could grow again, from what each one discovered or from their successors, they demarcated and divided the entire Universe into two equal parts, for two meridians, one opposite the other, within which the demarcation of each one. The first meridian was launched twenty-one degrees to the West of the Cape Verde Islands, in which three hundred and sixty something leagues were embedded, to the West; and from this meridian to the opposite meridian, towards the Ponente part, with the respect of those who live in Spain, remain the land, islands and seas that are between both of them from the crown of Castile; and the other part, which is in the east of it, also with respect to our housing, which includes all of India with the large number of eastern islands, would remain with the crown of Portugal, with all the clauses and conditions that are in the contracts".

João de Barros, Decades of Asia, Decade I, book III, chap. 11.

1499, July 10th

Nicolau Coelho enters the Tagus with the news of the discovery of the sea route to India.

"Arriving with enough trouble near the islands of Cape Verde, with a strong storm they had there, Nicolau Coelho left Vasco da Gama; and believing hat he was bringing it before him, he came to the mouth of Lisbon, on the tenth of July of that year of four hundred and ninety-nine, having lost two years in that journey, and when he learned that Vasco da Gama had not yet arrived, he wanted to do returning to the sea in search of it; but knowing the king, who was then in the city, of his arrival, (...) ordered go back."

João de Barros, Decades of Asia, Decade I, book IV, chap. 4.

1499, September

Vasco da Gama arrives in Lisbon.

"Vasco da Gama departed from Terceira Island, on the twenty-ninth of Augus; he arrived at the port of Lisbon and, without entering the city, went to the novenas at the house of Nossa Senhora de Belém, from which he set out on this discovery. And here he was visited by all the lords of the court until the day of his entrance, which was done with great solemnity; and for the celebration of his coming is celebrated, there were bulls, canes, momos and other festivities in which the king wanted to show the great satisfaction he had in such an illustrious service."

João de Barros, Decades of Asia, Decade I, book IV, chap. 11.

1500, December

Portugal establishes an alliance with the King of Cochin.

"[Cochin] is the head of a so-called kingdom, which is below Calicut against the south, along the same coast thirty leagues, and in it, according to Gaspar da Índia said to Pedrálvares, there was more pepper than in Calicut, since the king was less powerful, and not as rich as the other. And the reason was that in Cochin at that time there was not much trade and just a few Moors, who were the ones that Pedrálvares feared most, for damaging all our things. (...) [Knowing the King of Cochin of the conflict between the Portuguese and Calicut, for this reason and others of passion and difference that he and the Zamorim had, he did nothing more for his purpose than loading our ships with spices, and he estimated in many come to your port. Because with this he did two things: to win our friendship, to have us against the Zamorin, when he fulfilled his mandate, and the second that there would be many good goods and money in gold from our hands, which is the nerve that sustains states in time of your need".

João de Barros, Decades of Asia, Decade I, book V, chap. 8.

1505, March

King Manuel I creates the Portuguese State of India.

"Because the ships that went and returned soon with cargo could not do these two things together because the time was too short, and with their return the Malabar coast was left destitute, with which the Moors became lords of it again and, favored by the Samorin's armies, they would harm the kings of Cochin, Cananor and all our other friends and allies; to resist to such a danger and to provide for other things so important that the experience of the business had shown, since it was necessary to build fortresses where the ships could give and take cargo, the king ordered to send ships to come back with the cargo of the spice the following year, and other sails of less tons, with some small ships, to remain there in the fleet, and by Captain-General this governance to Tristão da Cunha, son of Nuno da Cunha.

However, when everything was ready, he had an accident [throwing the reeds] and he lost his sight, so that he went a long time without recovering it, and he sailed in the following year of five hundred and six, as we will see.

As the fleet was suddenly left without a captain, and it was ready to departure, the King called Dom Francisco de Almeida, son of the Count of Abrantes, Dom Lopo de Almeida, who was at that time in Coimbra with the bishop, Dom Jorge his brother; and with words of confidence in him, he handed over the fleet to him.

(...) this embarkment was the most solemn that hitherto made in this kingdom, not being of a royal person. Because of the nobility of Dom Francisco de Almeida and the nobleman who had embarked with him, as well as the position and dignity of Viceroy (...) which was the first title of this quality that was given in these kingdoms, they competed on his part, as well as those who accompanied him, all things in addition and praise of his honour in that departure, which was on the twenty-fifth of March of the year five hundred and five."

João de Barros, Decades of Asia, Decade I, book VIII, chap. 1.


Translation

Diary of Vasco da Gama.

Title: A Journal of the First Voyage of Vasco da Gama 1497-1499

Author: Unknown

Translator: E. G. Ravenstein

Release Date: July 31, 2014 [EBook #46440]